A patologia músculo-esquelética, seja pela sua elevada prevalência como pelo seu impacto na qualidade de vida dos utentes (dor e limitação motora), é um dos principais motivos de consulta em Medicina Chinesa. Este tipo de patologias inclui numerosos quadros clínicos, indo desde a degenerescência articular (osteo-artrose), passando pela inflamação (tendinite, bursite) e terminando nos quadros fibromiálgicos (fibromialgia, síndrome de fadiga crónica), sem esquecer as nevralgias (trigémeo) e radiculopatias (ciática, cervicobraquialgia). Em todos eles, a Medicina Chinesa está indicada, verificando-se, na esmagadora maioria dos casos, um alívio dos sintomas álgicos (dor) e uma melhoria da amplitude articular.
A Acupuntura actua com uma agulha, a qual pode ser estimulada manualmente ou reforçada com estimulação eléctrica (electropuntura) ou através de aplicação de calor (moxibustão) ou ainda de um efeito de sucção (ventosaterapia). Na última década, tem-se registado, com grande sucesso, um aumento progressivo da utilização do Laser (Laserneedle) na estimulação dos pontos de Acupuntura. Este tipo de aparelho permite a utilização de frequências analgésicas, anti-inflamatórias, espasmolíticas e/ou miorelaxantes de grande utilidade na patologia músculo-esquelética, sobretudo no alívio das patologias funcionais, onde a dor e a limitação motora imperam. Destacamos a aplicação do laserneedle nas tendinopatias crónicas (tendinite do ombro, tendão rotuliano, tendão de Aquiles e tenossinovite de De Quervain) e nas disfunções da coluna, sobretudo C5/C6, C6/C7 (cervicobraquialgia) e L4/L5, L5/S1 (lombociatalgia).
Na patologia músculo-esquelética, sobretudo nos síndromes miofasciais, a Medicina Alopática dá grande importância aos pontos gatilho (trigger points), descritos, no Ocidente, desde 1930, como nódulos musculares cuja palpação reproduz as queixas do paciente. No entanto, a primeira referência escrita a este tipo de pontos foi feita por Sun Si Miao (famoso médico chinês do séc. VII) que descreveu a existência de pontos extremamente sensíveis, nos músculos esqueléticos, cuja a pressão reproduzia total ou parcialmente as queixas álgicas do doente. A esses pontos chamou pontos Ashi (Ashi deriva da expressão chinesa “Ah sim”, que o doente exclamava quando o acupuntor lhe perguntava, enquanto pressionava o ponto, se a pressão daquele ponto correspondia ao seu padrão de dor). Ainda hoje, a puntura dos pontos Ashi continua a ser uma parte fundamental do tratamento da dor através da Acupuntura, confirmando a sua eficácia terapêutica.
A osteo-artrose é considerada a doença articular mais prevalente do mundo, podendo acometer uma única ou diversas áreas articulares. Na patologia degenerativa, a Medicina Chinesa tem-se revelado mais eficaz a nível da gonartrose (joelho), coxartrose (anca), omartrose (ombro), rizartrose (mão), cervicartrose e espondilodiscartrose lombar. Nestes segmentos corporais, o uso da Acupuntura permite uma redução da dor e da rigidez articular, com melhoria funcional da articulação, sobretudo nos casos menos evoluídos. Nestes quadros clínicos (osteo-artrose), é importante realçar a necessidade de um tratamento prolongado para a obtenção de um bom resultado, variando entre 3 e 6 meses antes de uma primeira avaliação, dependendo do grau de degradação articular e da idade do paciente.
A Medicina Chinesa considera o Homem como um todo e inter-relacionado com o mundo que o rodeia, dando grande importância ao Mental. A sociedade atual, com o seu ritmo alucinante, determina ao ser humano a superação de exigências pessoais e profissionais que provocam cada vez mais tensões e desgaste ao nosso corpo. Os movimentos repetitivos, o sedentarismo ou a hipertonia muscular relacionada com o stress, todos eles contribuem como factor desencadeante ou de agravamento da patologia músculo-esquelética. O conceito holístico da Medicina Chinesa, baseado em 50 séculos de trabalho e observação do corpo humano, inclui pontos regularizadores do stress no tratamento deste tipo de patologia.
A Acupuntura é reconhecida como uma das técnicas da Medicina Tradicional Chinesa mais eficaz e o seu uso tem sido crescente no Ocidente, sobretudo no alívio da dor associada a patologias do foro músculo-esquelético. Trata-se de um método seguro, que estimula os mecanismos naturais de auto-regulação e de auto-cura do organismo, podendo actuar isoladamente ou como complemento de outras práticas de Saúde (Ortopedia, Reumatologia, Osteopatia, Fisioterapia).